Um novo caminho

   Ontem pensei que podia mudar algumas coisas no mundo, algumas coisas de mim. Pensei, proclamei a alguém até então desejada, pessoa que passava por debaixo das sombras da noite num caminhar silencioso e distraído.

   Antes do sol se por, em um lugar frio e barulhento vejo uma direção entre vários caminhos a seguir, parece uma aventura ou um plano de meses atrás, frustrado em tentativas ínfimas para despertar atenção de alguém que não poderia ler versos infames de meu passado apenas observando meu rosto indiferente.

   A distancia parecia diminuir, o sol cada vez mais próximo do horizonte serrano com poucas casas, mas muitas cruzes jazidas no chão envolto de folhas secas e galhos mortos.

   O dia ensolarado ia se esvaindo, transformando-se em uma noite serena e fria. Noites assim me trazem vontade de abraçar e se proteger do calor, uma vez que não há uma oportunidade, há apenas uma faca posta à mesa pronta para cortar os sentidos.

   Com letras diversas vou escrevendo meu passado próximo, entregando momentos a quem merece ler, me esforçando para traduzir pensamentos em uma torrente de calor aos braços alheios e um ombro relaxado.

   Apoiando minha cabeça no mesmo ombro proferi minha estima inúmeras vezes com uma voz baixa e feliz perto do seu ouvido, sem conseguir ver seus olhos e sentir sua respiração, apenas cabelos negros que me trazem a memória aquele cheiro tão embriagante e doce que me fez esquecer-se de tantos problemas, foi um ato simples em uma situação complicada de palavras difíceis.

   Tudo ao meu redor ficou brando, uma sensação de ser leve me fazia um homem comum, sensações que se repetiram raras vezes na minha vida, um instante entre uma respiração e outra e eu era um novato, e tenho a impressão que sempre serei.

   Ao partir, sobrou em minha mente lembranças não materiais, perguntas e algumas dúvidas que me confundem cada vez mais, mas me posiciono com bravura sem medo de correr os riscos que sempre me perturbaram, tenho um novo rumo e uma nova história a contar, que ainda não sei quando será seu fim.

Palavras Simples

    Começo de semana nunca muda, sempre o mesmo brilho do sol adentrando meu quarto através da janela, o mesmo café gelado, a barulheira das crianças indo à escola, sem falar do congestionamento infernal, que só se passa despercebido ao som relaxante de alguns grupos musicais ingleses ou norte americanos, vozes suaves, uma doce disposição para amar a vida e o que virá pela semana.

    Ao ler o jornal, sentir a textura e a leveza de cada folha que antecede a leitura é constrangedor imaginar os fatos cotidianos que assustam a nossa gente, terra talvez não tão querida, já que o valor dado a si mesmo aqui não é lá grande coisa. Não me tomo como exemplo, mas devíamos superar as expectativas, os impasses e as discordâncias em cada verso da vida.

    Parece simples pensar em alguém, arriscar e conversar durante horas, minutos, talvez seja o mínimo de envolvimento quando quero mais. O objetivo está claro que é a confusão e o interesse repentino numa mente intrigante e ingênua.

    É difícil de explicar o sacrifício que fazemos em prol da felicidade própria e dos apaixonados a alheia. Assuntos mornos e simpáticos, para manter o contato a proximidade ou pouco de toque, uma vez que é desejado mais.

    Seguindo uma linha de pensamento revolta e irônica ando pensando muito, especulando um pouco, nada a preocupar-se. Apenas declaro antes do anoitecer que esta não é uma semana poética, mas das palavras fáceis de entender. Terminando longe do vazio ou do gélido quarto escuro sem muita mobília, com poucas paredes e uma janela.


Dedicado a você.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tarde de Sono

    Volto a dizer, de forma rápida, tardes como essas, ensolaradas ao ouvir vozes nada suaves e impertinentes. Logo me desconcentro, mas fico tranquilo sem nada a esperar, parece estranho mostrar indiferença, mas não há nada a fazer.

    Não posso chamar por seu nome, nem mesmo bater em sua porta, são ações limitadas. Esse sentimento reside nas rosas viventes em águas turvas, dificil de colher, dificil de explicar.

    Adoto o silêncio e um olhar cerrado, não espero, sei que não virá.
    Entre um bocejo e outro, adormeço.

sábado, 9 de outubro de 2010

Exagero

    Dia convencional, vento comum carregado de partículas solitárias. Pessoas em tons monocromáticos, vida em tons de azul, morte cinza. Solidão branca, mesma cor do vazio, longe do calor do fogo e do coração vermelho carne.
    Ilusões flamejantes em um cérebro indiferente aos sentimentos alheios, uma visão turva do que é o amor.
    Em uma sala pequena de paredes claras há uma corda no centro, pendurada no teto, que não é de madeira nem telha.
    Um universo sem objetos gira ao redor provocando um temor, trazendo a realidade de volta aos raios solares e ao mundo cheio de cores.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Erros

    Após uma longa data, recomeço seguindo um novo caminho. Com passos apreensivos marco a terra molhada pela chuva do outono. Fenômeno atípico na natureza do meu ser, como um novo olhar para a mesma vida.

    Estou enxergndo as nuances de cores que pintam as paredes imaginárias da minha solidão. Sinto o vento passando entre os meus cabelos, no alto de uma montanha gelada, só assim consigo entender minha indiferença quanto a paisagem viva que me rodeia.

    Desejei mais alguns minutos e mais algumas linhas, queria expor mais um pouco da minha humanidade nos reflexos dos meus erros.

    Sempre aprendo, vez ou outra, mudo quando sinto meu coração palpitar.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

500 Days of Summer

"Summer: I love The Smiths
Tom: Sorry?
Summer: I said I love The Smiths. You… You’ve got a good taste of music.
Tom: You like The Smiths.
Summer: To die by your side is such a heavenly way to die. I love ‘em.
Tom: Holy shit."

Uma das expectativas.

domingo, 30 de maio de 2010

"Na vida real não existem heróis como o Batman, mas sim vilões como o Coringa!".

terça-feira, 11 de maio de 2010

Relaxar

    Ela caía aflita lentamente contando os segundos;
    Ele, indiferente, deu de ombros ao sentir toda angústia escorrer lentamente em sua espinha.

Um curto pensamento.

sábado, 8 de maio de 2010

Ingênuo

    Já era tarde e o sol brilhava mais forte, nos corredores um silêncio relaxante, entre paredes brancas e beges multidões estavam a ponto de explodir. Um magrinho que outrora infeliz e tímido mal esperava seu melhor presente.

    O sino soou e em poucos segundos as grandes massas haviam se dispersado, restaram alguns pequenos grupos de conversa. Ele fazia parte de um deles e jamais havia sonhado participar. Triste vida medíocre com planos simples e tarefas por fazer.

    Diálogos sem conteúdo, pessoas sem conteúdo em um lugar doentio, tudo conspirava. Ele estava decidido, havia planejado semanas atrás e por medo não executou. Na saída, dez olhares e alguns gestos de adeus, dentre os dez podia-se destacar uma garota que tanto o envolvia, ele gostava, sentia falta da amizade antes de tudo começar, não passava de um solitário covarde.

    Mas sua redundância acabou em um ato de loucura e de confusão própria, lançou-se até a menina e a agarrou não deixando escapar qualquer pensamento, sua mente viajava ao longe, havia saído de seu corpo quando encostou nos pequenos lábios, suaves, que jamais foram tocados.

    A felicidade o tomou durante um curto momento e é grato desde este dia pelos segundos que ficaram pulsando em seu coração...

domingo, 11 de abril de 2010

Passeios de Março

    Aquela lembrança, você e o violão em ritmos inseguros e sem sequência. Vivemos uma verdade só nossa, sem dinheiro e sem cobertores para o frio que fazia antes da chuva começar. Litros e mais litros de água naquela terra de cor laranja, onde marcas de botas de caubóis não eram mais vistas, meu passado deixou de existir.

    Uma corda a menos, um defeito a menos, sincronia entre o tempo e a vida perfeita.

    Podíamos dormir o dia inteiro debaixo do seu lençol no meu quarto, gostava do seu cheiro me enrolando e protegendo da luz do dia. Acordávamos a noite, passeávamos por quintais vizinhos entre palmeiras dançantes ao ritmo suave do vento, o som das folhas agitando-se era nossa música preferida quando a lua estava enorme e o mais amarela possível.

    Adorava acordar quando o domingo amanhecia, checava uma vez mais as suas cartas, infinitas palavras que vibravam em meu coração.

   Sentimentos entorpecentes me traziam dias de felicidade.

   Entre uma chuva e outra, em Março, suas mãos gélidas e tremulas não puderam segurar firme outra vez as minhas, achei suas luvas brancas no jardim, sorri ao vê-las perdidas com a certeza que foi proposital. Não vou esquecer-me do seu sabor, do seu lábio rosado, dos seus cabelos nos olhos que traziam um olhar de mistério.

    Você me fez um garoto feliz.

quarta-feira, 24 de março de 2010