Ingênuo

    Já era tarde e o sol brilhava mais forte, nos corredores um silêncio relaxante, entre paredes brancas e beges multidões estavam a ponto de explodir. Um magrinho que outrora infeliz e tímido mal esperava seu melhor presente.

    O sino soou e em poucos segundos as grandes massas haviam se dispersado, restaram alguns pequenos grupos de conversa. Ele fazia parte de um deles e jamais havia sonhado participar. Triste vida medíocre com planos simples e tarefas por fazer.

    Diálogos sem conteúdo, pessoas sem conteúdo em um lugar doentio, tudo conspirava. Ele estava decidido, havia planejado semanas atrás e por medo não executou. Na saída, dez olhares e alguns gestos de adeus, dentre os dez podia-se destacar uma garota que tanto o envolvia, ele gostava, sentia falta da amizade antes de tudo começar, não passava de um solitário covarde.

    Mas sua redundância acabou em um ato de loucura e de confusão própria, lançou-se até a menina e a agarrou não deixando escapar qualquer pensamento, sua mente viajava ao longe, havia saído de seu corpo quando encostou nos pequenos lábios, suaves, que jamais foram tocados.

    A felicidade o tomou durante um curto momento e é grato desde este dia pelos segundos que ficaram pulsando em seu coração...