Desejo


Vem cá meu bem, me traz esse desejo que eu tanto sinto nos dias ensolarados. Aproveita e não esqueça de trazer aquela janela que ficava em nosso quarto, por ela os vizinhos podiam ouvir teu gritos, mas não os sussurros que ecoavam em meus ouvidos.

Traz consigo o sorriso de menina, teu cabelo ruivo meio bagunçado, mas deixa naquele lugar inóspito as tuas mentiras, tuas palavras jogadas ao vento.

Meu anjo, traz os lírios proclamados outrora em minha homenagem, mas deixa tua falsidade e irrelevância no teu quarto escuro.

Da nossa pequena casa de quarto e sala traga apenas o nosso sofá-cama e o seu forte cheiro de sexo.

Amor não existe minha princesa, o que há nesse mundo não passa de instinto, uma vontade simples de matar o desejo. 

Depoimento

    Embriaguei-me numa solidão sem ter nem ao menos provado seu sabor, sinto emoções condizentes com minha forma de agir. Todos os sons que um pássaro pode produzir eu já não ouço mais, os rumos achados em estreitos caminhos perdi, os livros que eu li, não terminei de ler. Meus planos são apenas ícones na minha pequena mente, isso me faz sentir-me limitado, intimidado por pessoas que nem ao menos desejo.

    Ao ver flores brilhando de felicidade, apenas tomo para mim seriedade, razões para ser uma pessoa normal, com conceitos antiquados. Isso que me tornei, depois de anos vivendo num mundo de extorsão, aqui estou novamente, na terra dos sonhos perdidos.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Jessica



Há tantos problemas querida, vez ou outra, me perco em nossas memórias, sinto sua falta e meu corpo te pede. Meu coração não palpita como antes, me faz falta a luz do dia, você me ensinou a não temer mais o escuro, de acelerar a bicicleta até o máximo de minhas forças e de correr contra o vento. 

Hoje faltam fotos de você, o tempo fez à questão de estragá-las, tantas lágrimas a solidão me fez derramar, tantos soluços minhas paredes ouviram. 

Há uma faca posta na mesa, ela brilha de tão afiada, ela me faz pensar e temer minha própria decência. Meu amor, esse nosso silêncio já valeu a perfeição e o que me resta são sonhos insanos que nada combinam com você.

Doce. Sua pele macia, seu rosto (principalmente as maçãs que eu adorava beijar), seus lábios singelos que tanto me seduziam, seu tamanho, era pequena e tão feminina, seu jeito romântico, sua voz terna, sua forma de pensar, seus olhos intensos e sua personalidade ingênua. O vento levou você de mim para longe, pouco me lembro da cena triste de sua partida, me dói quando lembro.. seus cabelos negros chicoteavam o ar... 

Toda você abala sempre em minha memória, em meus pensamentos e o meu coração.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Um novo caminho

   Ontem pensei que podia mudar algumas coisas no mundo, algumas coisas de mim. Pensei, proclamei a alguém até então desejada, pessoa que passava por debaixo das sombras da noite num caminhar silencioso e distraído.

   Antes do sol se por, em um lugar frio e barulhento vejo uma direção entre vários caminhos a seguir, parece uma aventura ou um plano de meses atrás, frustrado em tentativas ínfimas para despertar atenção de alguém que não poderia ler versos infames de meu passado apenas observando meu rosto indiferente.

   A distancia parecia diminuir, o sol cada vez mais próximo do horizonte serrano com poucas casas, mas muitas cruzes jazidas no chão envolto de folhas secas e galhos mortos.

   O dia ensolarado ia se esvaindo, transformando-se em uma noite serena e fria. Noites assim me trazem vontade de abraçar e se proteger do calor, uma vez que não há uma oportunidade, há apenas uma faca posta à mesa pronta para cortar os sentidos.

   Com letras diversas vou escrevendo meu passado próximo, entregando momentos a quem merece ler, me esforçando para traduzir pensamentos em uma torrente de calor aos braços alheios e um ombro relaxado.

   Apoiando minha cabeça no mesmo ombro proferi minha estima inúmeras vezes com uma voz baixa e feliz perto do seu ouvido, sem conseguir ver seus olhos e sentir sua respiração, apenas cabelos negros que me trazem a memória aquele cheiro tão embriagante e doce que me fez esquecer-se de tantos problemas, foi um ato simples em uma situação complicada de palavras difíceis.

   Tudo ao meu redor ficou brando, uma sensação de ser leve me fazia um homem comum, sensações que se repetiram raras vezes na minha vida, um instante entre uma respiração e outra e eu era um novato, e tenho a impressão que sempre serei.

   Ao partir, sobrou em minha mente lembranças não materiais, perguntas e algumas dúvidas que me confundem cada vez mais, mas me posiciono com bravura sem medo de correr os riscos que sempre me perturbaram, tenho um novo rumo e uma nova história a contar, que ainda não sei quando será seu fim.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Palavras Simples

    Começo de semana nunca muda, sempre o mesmo brilho do sol adentrando meu quarto através da janela, o mesmo café gelado, a barulheira das crianças indo à escola, sem falar do congestionamento infernal, que só se passa despercebido ao som relaxante de alguns grupos musicais ingleses ou norte americanos, vozes suaves, uma doce disposição para amar a vida e o que virá pela semana.

    Ao ler o jornal, sentir a textura e a leveza de cada folha que antecede a leitura é constrangedor imaginar os fatos cotidianos que assustam a nossa gente, terra talvez não tão querida, já que o valor dado a si mesmo aqui não é lá grande coisa. Não me tomo como exemplo, mas devíamos superar as expectativas, os impasses e as discordâncias em cada verso da vida.

    Parece simples pensar em alguém, arriscar e conversar durante horas, minutos, talvez seja o mínimo de envolvimento quando quero mais. O objetivo está claro que é a confusão e o interesse repentino numa mente intrigante e ingênua.

    É difícil de explicar o sacrifício que fazemos em prol da felicidade própria e dos apaixonados a alheia. Assuntos mornos e simpáticos, para manter o contato a proximidade ou pouco de toque, uma vez que é desejado mais.

    Seguindo uma linha de pensamento revolta e irônica ando pensando muito, especulando um pouco, nada a preocupar-se. Apenas declaro antes do anoitecer que esta não é uma semana poética, mas das palavras fáceis de entender. Terminando longe do vazio ou do gélido quarto escuro sem muita mobília, com poucas paredes e uma janela.


Dedicado a você.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tarde de Sono

    Volto a dizer, de forma rápida, tardes como essas, ensolaradas ao ouvir vozes nada suaves e impertinentes. Logo me desconcentro, mas fico tranquilo sem nada a esperar, parece estranho mostrar indiferença, mas não há nada a fazer.

    Não posso chamar por seu nome, nem mesmo bater em sua porta, são ações limitadas. Esse sentimento reside nas rosas viventes em águas turvas, dificil de colher, dificil de explicar.

    Adoto o silêncio e um olhar cerrado, não espero, sei que não virá.
    Entre um bocejo e outro, adormeço.

sábado, 9 de outubro de 2010

Exagero

    Dia convencional, vento comum carregado de partículas solitárias. Pessoas em tons monocromáticos, vida em tons de azul, morte cinza. Solidão branca, mesma cor do vazio, longe do calor do fogo e do coração vermelho carne.
    Ilusões flamejantes em um cérebro indiferente aos sentimentos alheios, uma visão turva do que é o amor.
    Em uma sala pequena de paredes claras há uma corda no centro, pendurada no teto, que não é de madeira nem telha.
    Um universo sem objetos gira ao redor provocando um temor, trazendo a realidade de volta aos raios solares e ao mundo cheio de cores.

terça-feira, 17 de agosto de 2010